No Brasil, a dor é a razão pela qual 75% a 80% da população procura o sistema de saúde.
A Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) a define como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual atual ou potencial, podendo ser interpretada como uma evidência de comprometimento da integridade física e/ou emocional do indivíduo. A dor possui um caráter subjetivo, o indivíduo aprende a descrevê-la mediante as suas experiências anteriores, e com isto pode ser compreendida de forma diferente por cada indivíduo, conforme a sua idade, sexo, cultura, etc. Pode ser classificada em aguda, que provém de uma lesão e desaparece quando acontece a cura desta, e crônica, que se refere a uma dor persistente que vai além da cura da lesão.
No Brasil, a dor é a razão pela qual 75% a 80% da população procura o sistema de saúde, e a dor crônica, que acomete 30% a 40% da população brasileira, é a principal causa de faltas ao trabalho, baixa produtividade, licenças médicas, aposentadorias por doenças e indenizações trabalhistas.
Muitos pacientes com dor crônica experimentam sensações que não podem ser explicadas pela lesão física ou disfunção fisiológica. A natureza complexa da dor crônica provoca impactos psicossociais que desencadeiam uma montanha russa de emoções e várias modificações neurofisiológicas e funcionais o que gera um enorme sofrimento para o portador de dor crônica.
Ela pode ser afetada adversa ou positivamente por sua família, seu trabalho e seu mundo em geral. É notório que os pacientes com dor crônica apresentam excesso preocupação, tensão, nervosismo, ansiedade, e até mesmo depressão, o que pode provocar incapacidade e afastamento das tarefas, além da perda de funcionalidade e da qualidade de vida do indivíduo. Isso o leva a procurar serviços de saúde cinco vezes mais frequentemente do que o restante da população. Desse modo, entender como a dor se apresenta significa a possibilidade de elaborar hipóteses e elucidar questões referentes a fatores de risco, a etiopatogenia e ao tratamento.
Qualquer discussão e consideração sobre o manejo da dor deveria incluir os estados psicológicos, as emoções e os sentimentos. Para compreender sua experiência com a dor, você precisa compreender o que está acontecendo no seu corpo e na sua mente. Negar os múltiplos fatores que desencadearam sua dor ou agir como se não houvesse nada errado, não é benéfico nem efetivo em termos de administração da dor. A questão é: onde eu realmente tenho controle? Ora, se você puder reconhecer sua dor e tomar decisões conscientes a respeito de suas atividades, você não se sentirá uma vítima. Se a dor faz parte da sua vida, é importante trabalhar com ela; é aí que você tem o controle.
Liza Andrade
Psicóloga especialista em Psicologia Hospitalar
CRP: 03/8010
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